A grande preocupação atual com o câncer
da pele é devido à extensa área de exposição
solar a que se submetem os frequentadores
de praia e piscina. O que era visto
no passado como raridade é, hoje em dia,
achado clinico sem muita surpresa. A observação
de que o carcinoma basocelular,
que no passado era conceito firmado de
que não metastatizava, ganhou o registro
de centenas de casos clínicos em que se
observa a metastase dos referidos carcinomas,
quando a lesão primária atinge
grandes diâmetros e em especial, quando
localizado nos membros.
O dermatologista é procurado para examinar
novos sinais que aparecem na pele
de indivíduos jovens ou adultos e, no
exame, verifica-se que a proteção solar,
ou é pequena ou só começou a ser feita,
recentemente, em especial nos pacientes
com mais de quarenta anos de idade. No
passado o protetor mais forte era o com
fator de proteção solar (FPS) dois (2).
Atualmente é preconizado que o FPS mínimo
seja o quinze (15), mas, para que um
filtro ofereça o fator indicado é necessário,
uma vez que ele seja um medicamento
protetor, que se utilize a dosagem correta,
que gira em torno de 2mg/cm2 de pele.
Em termos práticos equivale a utilização
do fundo da palma da mão dobrada em
concha, ou seja, cerca de 5 ml de filtro
em cada membro, 5 ml na face, 10 ml no
tronco. Dai que é mais aconselhável a aplicação
de filtros solares com fator elevado,
FPS 30, 40, 50 ou 60, pois se obtem, com
menor quantidade a proteção superior ao
FPS 15.
A falta de proteção solar acarreta, a partir
da segunda década, sinais de fotoenvelhecimento,
como podemos observar nos jovens
que frequentam a praia por períodos
prolongados, após as 11horas da manhã,
até, às vezes, quando o Sol se põe. Já retiramos
em nosso consultório, carcinomas
basocelulares em indivíduos com menos
de 30 anos de idade e mesmo, lesões
pigmentadas, que se tratava de melanoma
“in situ”. O interesse pela estética,
algumas vezes, salva o paciente, quando
ele procura um especialista na área da
Dermatologia e, aquela “pinta” que o incomodava
ou a elevação da pele que o (a)
desfigurava era na verdade, após exame
dermatoscópico ou, quando necessário,
retirada com biopsia da lesão um melanoma
incipiente ou um carcinoma basocelular
esclerodermiforme. Dubreuilh dizia que
tudo o que acontecia na pele envelhecida
eram os chamados “acidentes póstumos”
da senescencia cutânea. As ceratoses seborreicas
eram citadas nos livros antigos
de dermatologia como “fleurs de cemeterie”
ou flores do cemitério. Nome que se
utilizarmos para um paciente que apresente
uma ceratose aos quarenta anos de
idade vai nos trazer sérios problemas em
nossa clínica.
O objetivo desta explanação inicial é para
chamar a atenção para dois aspectos
muito importantes. O primeiro, a falta de
filtro solar ou do uso de roupas próprias
para a exposição prolongada (atualmente
existem tecidos que protegem contra a
radiação ultravioleta e que são vendidos
sob forma de chapéus, bonés e camisas),
levando a quadros clínicos de difícil reparação.
O exemplo mais marcante é visto
nas pessoas que trabalham no campo,
assim como, em pacientes que executam
trabalhos rotineiros ou praticam esportes
aquáticos, o elastoma difuso, quadro clínico
onde as fibras colágenas e elásticas
são destruídas pela radiação ultravioleta,
formando uma massa compacta que dá apele o aspecto da pele de uma ave morta,
segundo descrição dos autores franceses.
Este aspecto é marcante nos antebraços,
na face exposta à luz e, em menor intensidade
em volta dos olhos e da região
paranasal, onde recebe o nome de pele
citreina, por ter semelhança com a casca
do limão.
O segundo aspecto de importância é o
que se refere à diminuição da defesa e,
ao que denominamos em nossa clinica
como “perda de controle de qualidade
da pele”. Começa a formação de células
epidérmicas alteradas, surgindo as ceratoses
actinicas, atualmente classificadas
como carcinoma grau meio, por Ackerman.
O desenvolvimento do carcinoma
epidermoide a partir destas ceratoses,
assim como o aparecimento do carcinoma
basocelular e do próprio melanoma é
visto nestas áreas alteradas pelo sol. As
campanhas de prevenção do câncer da
pele, promovidas pela Sociedade Brasileira
de Dermatologia, tem o objetivo de
detectar precocemente estes tumores e
chamar a atenção para o retardamento
das alterações solares com o uso de protetores
e, quando seu inicio se faz desde
a infância, previne-se o aparecimento do
câncer da pele.
Marcius Achiamé PeryassúProf. Titular de Dermatologia IPGMCC/PGRJ. Coordenador da Camara Técnica deDermatologia do CREMERJ. Responsável técnicopela Clínica Peryassu. Médico aposentado doMinistério da Saúde (PAM Henrique Valadares).Raphael Cacciari PeryassúMédico Dermatologista, especialista pela SBD emembro do corpo clínico da Clínica PeryassúBernardo Cacciari PeryassúCirurgião de cabeça e pescoço (residência noINCA) e membro do corpo clínico da Clínica
Adaptado do site:http://www.somerj.com.br/revista/200911/somerj_2009_11_artigo.pdf
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Complicações da exposição solar e a importância do uso de filtros solares como prevenção e no retardamento destas complicações
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